segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sonhos de Papel - Opinião



O nome da autora chamou-me a atenção. Simplesmente porque escreveu um dos melhores livros que já li: O Longo Inverno. Depois a bonita capa e a sinopse fizeram-me querer lê-lo. E ainda bem que  o fiz. 
Adorei o cenário e a época escolhidos pela autora. É fácil imaginar o ambiente, a cidade, as pessoas. A autora fez uma bela descrição dos locais e dos personagens, no entanto, num cenário onde se respira prostituição, crime e máfia, esperava uma acção mais complexa e pesada e menos cor-de-rosa.
Depois de ler o outro livro da autora confesso que a fasquia estava alta, as expectativas eram grandes e ficou longe de me deixar com o mesmo sentimento de O Longo Inverno, mas ainda assim é um livro que adorei e que recomendo. 

Josie é a nossa protagonista. Conquistou-me desde a primeira página. Ela é filha de uma prostituta mas ambiciona muito mais para si própria. Vive e trabalha numa livraria para pagar o alojamento. É amiga do dono (e do filho) que a salvou das garras da mãe. O próximo passo é decidir se quer seguir com os estudos e para que universidade irá. Apesar de tudo à sua volta lhe dizer que está a ambicionar mais do que pode ter, afinal é a filha de uma prostituta que vive num bairro degradado, ainda há pessoas que acreditam no seu valor e lhe dão força para tentar. Adorei a sua paixão pelos livros, pelo facto de nunca os largar e de os amar verdadeiramente.

Será que o peso do passado será suficiente para quebrar Josie? Para lhe travar os sonhos?

A mãe de Josie é completamente inconsequente e alheia da realidade. Sempre viu a filha como um estorvo, um impecilho que não lhe permitiu ser uma estrela e por isso sempre teve uma relação distante com ela e sempre nutriu algum resentimento por Josie, como se esta fosse culpada por ter nascido. É ao mesmo tempo uma mulher tonta, que acredita estar apaixonada e que irá ter a sua oportunidade na vida. Faz por ignorar que o namorado está ligado ao crime e à máfia e só quer ser amada e desejada. É capaz de roubar a própria filha e de a deixar em maus lençóis sem qualquer remorso e sem olhar para trás.

Um dos cenários que mais gostei foi do bordel e de Willie, a Madame e "mão de ferro" mas com coração de manteiga. Esta quer mostrar um coração de pedra, impor o respeito junto das suas "raparigas" mas nutre um afecto muito especial por Josie, apesar de não o demonstrar, muito mais do que a própria mãe de rapariga.
Na acção temos um misterioso assassinato que vai acabar por envolver Josie. No entanto este drama acaba por estar sempre a meio gás, intercalado com outras situações que parecem quase triviais e retiram o interesse do crime.

Misturado com um ambiente de subornos, prostituição, crimes e mafiosos, a autora conseguiu fazer emergir o brilho de Josie, a amizade dos que a protegem, a descoberta do primeiro amor, a luta para vencer os estigmas do passado familiar e da vontade de ir em busca dos seus sonhos. Uma leitura que recomendo.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Primeiro Amor - Opinião



Este é talvez dos autores mais versáteis que conheço. Escreve de forma soberba vários géneros literários e os seus livros são por norma grandes sucessos. Este, infelizmente, não teve o mesmo efeito que outros já tiveram. Achei a narrativa monótona, não havia muito por onde pegar e não me cativou por aí além.

Axi é uma adolescente com uma personalidade forte. A mãe morreu e o pai vive alheado dos seus deveres parentais. Ela quer sobretudo ser invisível. Até ao dia em que decide deixar de ser a menina certinha e obediente e desafia o seu melhor amigo a partirem na viagem das suas vidas. 

O livro conta-nos essa aventura ao mesmo tempo que nos vai desvendando as vidas de Axi e Robinson. Ambos têm já uma vida carregada de sofrimento e a empatia que têm salta à vista. A este nível não há muito a dizer: vamos seguindo os dois amigos que irão descobrir ao longo da viagem que há algo mais que os une, vamos acompanhando as aventuras e as peripécias, os medos e os imprevistos e a inevitabilidade da vida, da qual não é possível fugir.

Passa uma bonita mensagem, de como devemos viver sem medos, de como devemos arriscar e quando a vida não nos sorri, devemos ser capazes de fazer o luto e seguir em frente. 

sábado, 17 de maio de 2014

Já ninguém morre de amor - Opinião



Foi a minha estreia com este autor e é sem dúvida para repetir. Quero ler muitos mais autores portugueses, este foi sem dúvida um dos melhores. Uma escrita inteligente, ironia q.b., uma história bem construída e personagens apelativos.
Esta é a história da família Palma Lobo e Salvador, o último Palma Lobo,  pede ao seu melhor amigo que escreva a biografia da sua família, que vá de Maputo ao Brasil, que comece pela história do seu bisavô e acabe por esclarecer a morte do seu pai. Este livro é esse caminho, essa história repleta de inúmeras histórias, todas elas cativantes e intrigantes
.
Muitos são os segredos desvendados: Roberto Palma afinal era filho de um negro e essa é a primeira revelação da história da família e que pode explicar o facto dos membros da família terem um órgão sexual generoso. Este elemento da família (tal como os outros) tem um fim trágico, aliado à paixão por uma mulher que lhe escapou e que o "obrigou" a simular a morte para evitar vergonhas. É na herdade que têm no Alentejo que ele e os filhos choram junto ao túmulo vazio. Quando morre, Roberto deixa dois filhos órfãos, sendo que um deles acaba por se enforcar de forma bizarra. O irmão Álvaro (bisavô de Salvador) irá crescer na herdade, sucumbindo aos prazeres da carne descontrola-se e acaba por ficar com muito má fama no Alentejo. Depois dum casamento falhado foge para Luanda onde continua a sua saga sexual. Neste ponto o autor foi brilhante, relacionando este comportamento (trata-se de usar a mulher como objecto e depois livrar-se dele) com a ausência da mãe e a descoberta que fez que a mesma não tinha morrido mas antes fugido para o Brasil. O ódio pela mãe é libertado em todas aquelas que se cruzam no seu caminho. Ao casar vai protagonizar uma história com duas irmãs gémeas onde mais uma vez o autor dá mostras do seu talento. Achei todo o enredo formidável. Regressa a Lisboa e casa pela terceira vez e tem dois filhos. Aparentemente está mais calmo e parece ter resolvido todas as questões com os seus demónios, mas notícias da mãe que está no Brasil trazem tudo ao de cima e ele acaba por voltar aos velhos hábitos, morrendo em pleno acto sexual. Hilariante!

Jorge, filho de Álvaro cresce no Alentejo e vai para Lisboa estudar. Numa vida desregrada acaba por engravidar a namorada e nasce Salvador e mais tarde, já no Alentejo, nasce Luís, irmão de Salvador.

Com a instabilidade política do 25 de Abril a família vai para o Brasil onde Jorge acaba por morrer. Salvador quer descobrir se foi suicídio ou homicídio. Outra história mirabolante e que me fez "dar mais uns pontos" ao autor.

A família regressa a Portugal e acompanhamos a sua história. Até Salvador, que se apaixonou por Joana e que sabe, irá morrer de amor por ela. Ao mesmo tempo que o narrador nos vai contando a história desta família, ele vai-nos dando conta dos dados do presente. Ele encontra-se num banco de hospital onde o seu melhor amigo está entre a vida e a morte e já sabe no seu íntimo, o desfecho desta história.

É uma saga apaixonante, marcada por segredos, surpresas e intrigas, onde o amor é o fim de todos os males.
Um autor a seguir.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Do Baptizado - I


A festa foi linda. Foi um dia perfeito. O príncipe portou-se à altura do acontecimento e a felicidade andou no ar. Um dia inesquecível, cheio de nostalgia, com a família e os amigos à nossa volta. Mágico!

As fotos oficiais ainda não chegaram, fica aqui um cheirinho :)











Laços de Vida - Opinião



Há livros que nos fazem querer lê-los antes mesmo de espreitarmos a sinopse. Neste caso o nome da autora e a belíssima capa foram motivos suficientes. Depois então a sinopse, aguçou-me a curiosidade.
É um livro de leitura fácil, com uma história doce e melosa mas também com alguns dramas pelo meio. 

Libby é uma mulher determinada. Ainda adolescente, sofreu muito com a perda da mãe, vítima de cancro, mas decidiu que iria lutar na vida para que a mãe se orgulhasse dela e nunca iria desistir, como lhe prometeu. Assim, e apesar de viver com um pai que se desligou do seu papel, Libby cresce com uma personalidade forte e torna-se numa advogada prestigiada. Trabalha com afinco e sobrepõe o trabalho à sua vida pessoal para atingir o objectivo de se tornar sócia da firma de advogados onde trabalha, deixando para trás um marido que não quis abdicar de uma vida pessoal e de uma família. O divórcio foi mais uma ferida na vida de Libby mas ela não é uma desistente e prossegue para o seu objectivo, mesmo que vá perdendo a sua vida pessoal pelo caminho. 

No dia que pensa que vai ser finalmente promovida a sócia, ela é na realidade, demitida. O seu mundo desaba e vira-se de cabeça para baixo. No entanto, Libby arregaça as mangas e vai procurar trabalho, mas torna-se num desafio maior do que esperava. 

Neste caminho a sua vida vai mudar drasticamente. Recupera uma amizade perdida, reencontra o mundo das malhas e do tricô e que a faz recordar da mãe, que lhe ensinou esta arte, faz novos amigos, começa a frequentar o ginásio e até se torna voluntária no hospital. A parte que mais me encantou foi sem dúvida o contacto com a realidade dos bebés prematuros. Tendo eu à um ano atrás tido um bebé prematuro e tendo conhecido esta realidade bem de perto, foi com nostalgia que li a magia desses momentos. Além disso, adorei a amizade que a autora criou entre Libby e Ava, uma adolescente que está prestes a viver uma prova de fogo e que vai poder contar com o apoio de Libby. A empatia entre elas é notória e o apoio é mútuo, pois ambas ganham com esta relação e vão crescer com ela.

Quando Libby, depois de várias tentativas frustradas de emprego, decide abrir a sua própria empresa, surge uma proposta que vai colocar em risco tudo o que ganhou a nível pessoal e ela tem de pesar o que tem mais valor: aquilo com que sempre sonhou ou aquilo que neste momento é a sua felicidade. É que nos entretantos o seu coração voltou a sorrir e ela começou uma relação com o médico "coração de pedra", Dr. Philipp. Ambos magoados de relações anteriores, caminham com cautela e são colocados à prova. Será demasiado cedo?

É uma leitura agradável e aconchegante. vemos os personagens que aprendemos a acarinhar a crescer e a seguir com a sua vida de forma positiva. É um hino à vida e à felicidade e por isso recomendo a sua leitura.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Hoje é o nosso dia!


8 meses

Parece mentira. Passou um ano desde que o filho nasceu. Passou um ano desde que vivemos aqueles momentos de angústia e aflição. Mas um ano passado e tem sido muitos os momentos de amor e felicidade. De alegria e sorrisos. 
Como recebi um filho no meu dia de anos, vai ser difícil (para não dizer impossível) alguém algum dia me dar melhor prenda!

Parabéns para nós :)



quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Beleza das Coisas Frágeis - Opinião



Acabei agora de ler este livro. É ambíguo. Agridoce. Complexo e de uma beleza singulares. Apesar de saber que não estava no mood certo (e noutra altura poderia ter apreciado bem mais a sua leitura) e que não é uma leitura fácil, ainda assim, este é um livro que vale a pena ser lido. Para um livro de estreia a autora elevou a fasquia para os próximos livros.
Folá e Kweku. Um casal de estrangeiros nos EUA. Ela deixa de lado os seus sonhos para poderem viver os do marido, médico. Um dia, ele decide ir embora e deixar a mulher e os filhos para trás. Volta para a sua terra, o Gana e deixa-os completamente à deriva.
Kweku morre e a família vai reunir-se no Gana para a despedida. Até lá, a autora vai-nos revelando os segredos familiares, os acontecimentos traumáticos e as alianças que ora unem, ora afastam os quatro irmãos.

Taiwo e Kehinde. Gémeos. Ligados de uma forma especial. Quando o pai vai embora a mãe manda-os para casa de um tio porque não consegue tomar conta dos quatro filhos. Ao fazer isso está a definir a forma como eles irão encarar a vida nos anos seguintes, pelo que lhes aconteceu na Nigéria. Esta história dentro da história comoveu-me. Taiwo tem aquela maneira de ser, fria, que quer mostrar que não precisa de ninguém, muito fechada em si mesma. Aqui percebemos porquê. Kehinde também mudou irremediavelmente na Nigéria. Mais tarde, nos EUA tenta acabar com a própria vida e depois vive escondido de tudo e de todos. Até ser descoberto e acontecer o reencontro familiar. O sarar das feridas e descobrir que afinal não era assim tão diferente do pai.

Olu é o que tenta viver sem se envolver. Apaixona-se por Ling, enfrenta o pai dela e vão casar a Las Vegas. Vivem na sua casa de sonho e são felizes. Mas há uma distância que ela não consegue transpor, até ele a levar para o funeral do pai no Gana, como parte da família. Esteve no Gana a visitar o pai, no dia que devia receber o seu diploma na Universidade. Quer respostas mas quando aparece uma mulher na cabana ele levanta-se e vem embora sem olhar para trás. Continua sem respostas.

Sadie é a mais nova. Sempre se sentiu diferente, como parte extra da família, como se por ter surgido mais tarde tivesse perdido todas as memórias da família, pois sente que é delas que a família vive e ela ainda não fazia parte dessas memórias. É um ser frágil, de uma beleza comovente, que chora sem controle, que sofre sozinha e sente um vazio pela ausência do pai. No entanto, todos dizem que é a preferida da mãe. 

Folá ficou sozinha depois de ter sido abandonada pelo marido. Tomou as suas decisões e tem que viver com as consequências. Foi viver para o Gana e sente-se feliz por ter os filhos todos reunidos. Muitos segredos vêm ao de cima, sentimentos contraditórios. esclarecem-se mal entendidos e talvez, talvez, depois da morte de Kweku, ele consiga mesmo ter a sua família no Gana, feliz e unida.